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Profissionalização – Case eManequim | #10 Ajuda Externa

Profissionalização – Case eManequim | #10 Ajuda Externa

 

Neste 10º capítulo vamos abordar o tema profissionalização. A criação e adoção de regras, processos, fluxos e formalização de papéis e responsabilidades, dentro de um planejamento, implica em acabar com os “achismos” e discussões “subjetivas”. Significa seguir um cronograma. Medir e acompanhar resultados. Em um determinado estágio da sua Startup, profissionalização se torna um aliado poderoso para escalar e tracionar seu negócio. Profissionalização pode ser feita com ou sem ajuda externa, mas requer dos sócios comprometimento e objetividade. Não existem “desculpas verdadeiras” ou “preferências pessoais” nesta etapa da sua empresa. 

Profissionalização – Case eManequim | #10 Ajuda Externa

 

Nesta série de 12 posts em forma de capítulos, iremos ilustrar de forma pragmática parte do rico conteúdo oferecido

pela eValley e pela Endeavor aos empreendedores brasileiros.

 

Como? Mostraremos o caso eManequim, StartUp criada por 4 jovens empreendedores brasileiros. Desde a sua ideia até sua tão sonhada e almejada escalabilidade com tração, contada na visão de Letícia, uma das sócias-fundadoras.

 

O texto em azul é a narrativa da Letícia e o texto em verde reflete os comentários e dicas da eValley.

 

Os capítulos 10, 11 e 12 refletem apenas a visão de Letícia e não contam mais com os comentários e dicas da eValley. Isto porque a eManequim adotou ajuda externa a partir do capítulo 10  e seu texto já reflete e incorpora estes comentários e dicas. 

Profissionalização. Foi com esta palavra simples que Brian, o consultor que Coruja havia conhecido, resumiu o que a eManequim precisava. Para ser bem fiel às palavras do Brian, era o que eu, Vanessa, Benê e Coruja precisávamos. Profissionalização.

 

Mas o que Brian quis dizer? Ele nos fez uma proposta: “eu quero e preciso entender este mercado. Gostei da ideia da Startup de vocês e vejo potencial na equipe. A eManequim não tem recursos para contratar uma consultoria de Alta Gestão ou de Planejamento Estratégico, mas façamos o seguinte: caso seja necessário um aporte de capital, ficamos com 15% do total; e, caso não seja necessário, ficamos com 10% do equity da eManequim.” E ele terminou: “pensem até amanhã. Voltamos a nos falar às 19h00 neste endereço. Caso o Benê não esteja em São Paulo, ele participa via call.” Deixou seu cartão de negócios e se despediu de nós.

 

Assim que Brian deixou o recinto, Vanessa riu e disse: “até parece. Não vai investir e ainda quer ganhar dinheiro em cima de nós? Vamos continuar nossa busca por outros investidores”. Eu mesma não havia tido experiências muito positivas com estas consultorias de planejamento estratégico em meu último emprego. Por ser multinacional, minha ex-empregadora tinha o hábito de contratar estes palpiteiros profissionais. Achava que eles organizavam o que já tinha e apresentavam as ideias dos próprios colaboradores-cliente em um formato bonito para a alta direção. E muitas vezes, ainda chamavam de Planejamento Estratégico! Mas não vi criarem nada de novo. Mas eu ainda não tinha uma opinião formada sobre o Brian e sua proposta, nem da consultoria de planejamento estratégico. Ou de alta gestão. Enfim, conhecia a empresa que ele trabalhava e sabia que era muito bem respeitada entre as consultorias de alta gestão e planejamento estratégico. Coruja foi bem objetivo: “este cara caiu do céu. Se ninguém nos ajudar, não teremos o que discutir daqui a 6 meses. A eManequim estará fechada, completando as estatísticas do Sebrae.” E falou: “se vocês não toparem, eu saio agora e deixo tudo para vocês. A tecnologia, o produto. Para ficar como está, ele roda sozinho. Não vou perder mais 6 meses da minha vida sabendo o resultado final deste jogo. Precisamos nos organizar e planejar de verdade.” E saiu andando deixando eu e Vanessa boquiabertas e sem reação. Quer dizer, nossa única reação foi ligar para o Benê e contar tudo que havia acontecido. Ele disse: “estou dirigindo e estou de volta em 2hs e conversamos melhor. Mas resumindo: Coruja tem razão. Precisamos de ajuda.”

 

Eu e Vanessa voltamos para nosso QG e começamos a conversar com mais calma e analisando bem todos os fatos. Resumindo: 2 x 1 x 1. Ou seja, dois votos a favor (Coruja e Benê), um voto contra (Vanessa) e um voto indeciso meu. Era esse o placar sobre o que fazer com a proposta do Brian e sua consultoria de alta gestão e planejamento estratégico.

 

Quando Benê chegou, ele trouxe junto Coruja. Coruja disse: “nem adianta começarem a gritar comigo. Não vai resolver nada e só vão perder tempo. Façamos o seguinte: não temos consenso, portanto, deixe o Brian nos convencer que sim ou que não amanhã. Podemos pedir uma pizza?” Eu não sei se o Coruja é um gênio ou um louco. Mas ele tinha razão. E quanto aos dois pontos: Brian e estávamos com fome. 

No dia seguinte, pontualmente às 19h00, Brian chegou na sala de reuniões da consultoria que ele trabalhava. Estávamos os 4 sócios da eManequim para a reunião mais importante da nossa vida (fato que eu descobri depois). Ele perguntou se todos tínhamos agenda para 01h00 de reunião. Em seguida, ofereceu água e café, abrindo seu notebook e projetando uma apresentação com o título: “Documento para discussão – Oportunidade eManequim – Profissionalização da Gestão”. Tudo bonitinho, com a data de hoje.

 

Começou falando: “se vocês não se importam, prefiro começar de trás para frente. Gostaria de fazer algumas perguntas e depois apresento meu material e minha proposta. Pode ser?”

 

Ele ainda riu e brincou: “não estamos em nenhuma banca julgadora, portanto fiquem tranquilos. Além do mais, fui eu quem procurou a eManequim.”

 

Não muito usual, mas OK. Ele começou, em um tom muito mais “professoral” de questionamento do que dos juízes do demoday de ontem:

“Quem são vocês. Gostaria que cada um se apresentasse, falando um pouco da experiência profissional anterior, papel na eManequim e expectativas com esta reunião.”

Um começo simples assim. Ele interrompeu poucas vezes, sempre querendo entender algo melhor ou esclarecer algo que falávamos. O curioso foi que, além de Brian, nós 4 aprendemos e conhecemos melhor um ao outro. Tinha coisas do Coruja que eu não sabia. Nem da própria Vanessa! Agora, um ponto que me deixou preocupada: ao descrevermos nosso papel na eManequim, inevitavelmente falávamos da eManequim. E foram 4 descrições diferentes!

 

Após eu, Vanessa, Benê e Coruja, Brian se apresentou: “Sou gerente sênior de projetos, e trabalho há 10 anos na consultoria de alta gestão e planejamento estratégico, com sede nos EUA.” Listou sua experiência em projetos e indústrias que não consigo repetir, mas lembro de ouvir Planejamento Estratégico algumas vezes e Plano de Negócios outras tantas. Continuou: “meu sonho é ser sócio da prática digital na consultoria que trabalho. Isto em 3 anos. Ou seja, o dono dos projetos envolvendo Startups. Não tenho o perfil arrojado de vocês para empreender”, finalizou rindo.

 

Depois, continuou seus questionamentos: “Desculpem, ontem não ficou muito claro para mim. Existe mercado para a eManequim? Qual o seu tamanho? O que influencia ele? Como funciona, leis, fornecedores, cadeia produtiva etc? Ficou claro para mim o produto e serviço: marketplace de vestuário social feminino. Mas não muito claro o Plano de Negócios ou Planejamento Estratégico que vocês fizeram/imaginaram/executam.” Começamos a falar do MVP, de nossos resultados, nossa base de clientes e dos bilhões em potencial etc. Ele nos cortou e disse: “ok, entendi.”

 

Achei que ele havia terminado, mas virou a folha de seu caderno (sim, ele estava anotando tudo em um caderninho preto) e continuou: “ O que temos? Quando faremos o que foi planejado? Do que precisamos?” Esta parte foi mais fácil e mostraria sim que tínhamos “plano de negócios” ou “planejamento estratégico”: explicamos e mostramos o produto e falamos que precisávamos de fluxo de caixa para crescer. Ele falou: “por quê?” Antes que pudéssemos formular uma resposta, ele falou: “Estamos preparados?

Como estamos e como implantamos aquilo que queremos? O que queremos?”

 

 

Vanessa não se conteve e falou: “como assim? Você não estava lá ontem no demoday? Não entendeu nosso produto? As mulheres no MVP entenderam! Precisamos de investimento para virar!” Brian, calmo, respondeu: “Vanessa, desculpe mas as respostas para estas perguntas não ficaram claras ontem para mim. Toda interação com outra pessoa, seja uma apresentação em um demoday ou um um email, é uma historinha. Ou seja, tem um começo, meio e fim. E ontem, por mais genial que seja o potencial que vocês tem na mão, não souberam contar a história da eManequim. E olha que eu fiz perguntas simples, que um investidor que vocês tanto querem faria a vocês no elevador.”

Coruja não aguentou e deu uma risadinha. Brian, educadamente disse: “infelizmente Coruja, não é para rirmos. Vocês estão atuando de forma ‘amadora’. Ser profissional ou profissionalização independe do tamanho da empresa e ramo de atuação. E no caso de vocês, ser gestor profissional, ou seja, ter e exercer o poder de decisão de forma profissional, é ainda mais imprescindível. Temos mais 30min, deixa eu mostrar meu material e acho que entenderão melhor o que quero dizer. São 15min.”

 

Brian usou um slide e menos de 01minuto para explicar a consultoria que trabalhava. Ficou claro que era uma empresa presente em mais de 60 países, especializada em alta gestão e planejamento estratégico. Atuava junto aos executivos do alto escalão, resolvendo seus problemas. Tinha milhares de sub-divisões mas entendemos. Em seguida, em mais um único slide simples ele apresentou sua proposta de forma clara e objetiva: ele iria nos ajudar fazendo a eManequim virar. Ou “flip” como dizem os americanos. “Precisamos adequar a eManequim para ter tração, ganhando assim escalabilidade” – nas palavras de Brian. Os próximos 5 slides eram uma espécie de template ou esqueleto do que seria uma apresentação da eManequim para qualquer público. Investidor, parceiro, comercial etc. Ele brincou: “como ainda tenho 1min dos 15min que falei que gastaria, vou ao toilete.” Durante estes 45min de reunião, Brian estava 100% de corpo e alma na reunião, não atendendo seu celular nem olhando seus e-mails.

 

Vanessa falou: “me convenceu.” Concordei. Brian voltou e perguntamos: “quais os próximos passos desta profissionalização?” 

Alexandre Hatae

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