No dia seguinte, pontualmente às 19h00, Brian chegou na sala de reuniões da consultoria que ele trabalhava. Estávamos os 4 sócios da eManequim para a reunião mais importante da nossa vida (fato que eu descobri depois). Ele perguntou se todos tínhamos agenda para 01h00 de reunião. Em seguida, ofereceu água e café, abrindo seu notebook e projetando uma apresentação com o título: “Documento para discussão – Oportunidade eManequim – Profissionalização da Gestão”. Tudo bonitinho, com a data de hoje.
Começou falando: “se vocês não se importam, prefiro começar de trás para frente. Gostaria de fazer algumas perguntas e depois apresento meu material e minha proposta. Pode ser?”
Ele ainda riu e brincou: “não estamos em nenhuma banca julgadora, portanto fiquem tranquilos. Além do mais, fui eu quem procurou a eManequim.”
Não muito usual, mas OK. Ele começou, em um tom muito mais “professoral” de questionamento do que dos juízes do demoday de ontem:
“Quem são vocês. Gostaria que cada um se apresentasse, falando um pouco da experiência profissional anterior, papel na eManequim e expectativas com esta reunião.”
Um começo simples assim. Ele interrompeu poucas vezes, sempre querendo entender algo melhor ou esclarecer algo que falávamos. O curioso foi que, além de Brian, nós 4 aprendemos e conhecemos melhor um ao outro. Tinha coisas do Coruja que eu não sabia. Nem da própria Vanessa! Agora, um ponto que me deixou preocupada: ao descrevermos nosso papel na eManequim, inevitavelmente falávamos da eManequim. E foram 4 descrições diferentes!
Após eu, Vanessa, Benê e Coruja, Brian se apresentou: “Sou gerente sênior de projetos, e trabalho há 10 anos na consultoria de alta gestão e planejamento estratégico, com sede nos EUA.” Listou sua experiência em projetos e indústrias que não consigo repetir, mas lembro de ouvir Planejamento Estratégico algumas vezes e Plano de Negócios outras tantas. Continuou: “meu sonho é ser sócio da prática digital na consultoria que trabalho. Isto em 3 anos. Ou seja, o dono dos projetos envolvendo Startups. Não tenho o perfil arrojado de vocês para empreender”, finalizou rindo.
Depois, continuou seus questionamentos: “Desculpem, ontem não ficou muito claro para mim. Existe mercado para a eManequim? Qual o seu tamanho? O que influencia ele? Como funciona, leis, fornecedores, cadeia produtiva etc? Ficou claro para mim o produto e serviço: marketplace de vestuário social feminino. Mas não muito claro o Plano de Negócios ou Planejamento Estratégico que vocês fizeram/imaginaram/executam.” Começamos a falar do MVP, de nossos resultados, nossa base de clientes e dos bilhões em potencial etc. Ele nos cortou e disse: “ok, entendi.”
Achei que ele havia terminado, mas virou a folha de seu caderno (sim, ele estava anotando tudo em um caderninho preto) e continuou: “ O que temos? Quando faremos o que foi planejado? Do que precisamos?” Esta parte foi mais fácil e mostraria sim que tínhamos “plano de negócios” ou “planejamento estratégico”: explicamos e mostramos o produto e falamos que precisávamos de fluxo de caixa para crescer. Ele falou: “por quê?” Antes que pudéssemos formular uma resposta, ele falou: “Estamos preparados?
Como estamos e como implantamos aquilo que queremos? O que queremos?”
Vanessa não se conteve e falou: “como assim? Você não estava lá ontem no demoday? Não entendeu nosso produto? As mulheres no MVP entenderam! Precisamos de investimento para virar!” Brian, calmo, respondeu: “Vanessa, desculpe mas as respostas para estas perguntas não ficaram claras ontem para mim. Toda interação com outra pessoa, seja uma apresentação em um demoday ou um um email, é uma historinha. Ou seja, tem um começo, meio e fim. E ontem, por mais genial que seja o potencial que vocês tem na mão, não souberam contar a história da eManequim. E olha que eu fiz perguntas simples, que um investidor que vocês tanto querem faria a vocês no elevador.”